DesEduca Lab

Laboratório de Design e Educação

Manifesto do Laboratório Design e Educação

Sabemos o quanto ainda é preciso educar no Brasil.

Porém, mais do que nunca, é preciso também deseducar.

Deseducar os preconceitos.

Deseducar a exclusão.

Deseducar a violência.

Deseducar os maus hábitos.

Deseducar o desinteresse.

Deseducar a separação abstrata entre teoria e prática.

Deseducar a informação desacompanhada da reflexão.

Deseducar a rigidez insípida que se confunde com rigor.

Deseducar a crítica para que ela seja construtiva.

Deseducar os vícios que se repetem insistentemente no ensino e na aprendizagem, formal e informal em diferentes níveis ao largo de nosso país ainda hoje.

Deseducar inclusive o próprio verbo "deseducar" - a partir de agora não mais entendido apenas como antônimo de educar, mas como sua forma alternativa.

Uma alternativa que se encontra na intercessão, no meio, no entrelugar, na polifonia, na intersubjetividade, na interação.

Pois não queremos algo cercado dentro do campo disciplinar da educação e nem do design. Afinal, é na confluência desses campos e muitos outros que entendemos o DESEDUCAR.

Entendemos o Design como uma prática educativa.

Design como prática educativa pressupõe que aprender e ensinar são processos que acolhem políticas, projetos, tecnologias, afetos e fazimentos.

Design como prática educativa considera que toda transformação subjetiva acontece a partir de interações com pessoas, com espaços e com artefatos.

Design como prática educativa entende o aprendiz como sujeito de seu fazimento.

Design como prática educativa acolhe os professores como designers de situações educativas.

Se educar é prática de liberdade e design é prática educativa, então design pressupõe a prática da liberdade.

DESEDUCAR é verbo que imbrica o design como prática de construção de autonomia e cidadania.

Entendemos o Design também como um conjunto de práticas, habilidades e competências de quem projeta.

ESTENDEMOS, assim, o design a todas e todos.

Pois se o design é um conjunto de práticas e competências de quem projeta, entendemos que projeto, planejamento, criatividade não são particularidades de um campo teórico ou profissional.

Design é um conjunto competências humanas e desenvolvê-las é, portanto, um direito.

 

Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2019

Barbara Necyk, Bianca Martins e Ricardo Artur